Benigna Villas Boas

Preservação da saúde mental no meio acadêmico

 

Preservação da saúde mental no meio acadêmico

A preservação da saúde mental no meio acadêmico tem sido um tema debatido ultimamente. Contudo, a avaliação não ainda não faz parte dessa discussão. De modo geral, os estudantes sonham entrar para a universidade e, aí chegando, sofrem com o isolamento e as cobranças muitas vezes exageradas. Não sou contra o rigor e a disciplina que o trabalho acadêmico requer. São absolutamente necessários, mas não dispensam certos cuidados pedagógicos: um deles é o processo avaliativo, que costuma ser cruel e não contribui para a construção das aprendizagens. Relato um fato verídico: em uma disciplina da área de Ciências Exatas a professora aplica quatro provas durante o semestre e não as devolve nem divulga as notas de cada estudante. Motivo: se ele obtiver nota “boa”, não estudará para a prova seguinte. Que cidadão está sendo formado por essa estratégia? O que causa muita estranheza é que os estudantes não reclamam, simplesmente se submetem. Já ouvi um deles dizer: ela está certa. Se eu conhecesse as notas anteriores não teria estudado tanto para a última prova. Fiquei com uma ótima nota.  

Outro fato: em algumas instituições, após o professor corrigir as provas, as notas são lançadas por meio de um programa eletrônico e ali permanecem definitivamente. Não há possibilidade de intervenção pedagógica e de a nota ser substituída. Passando por esse sistema, os estudantes que se tornarem professores possivelmente irão replicá-lo em seu local de trabalho.

Vale a pena refletir: as cobranças feitas aos estudantes se alinham ao trabalho pedagógico desenvolvido? Quais princípios norteiam esse trabalho? Os estudantes participam do processo de tomada de decisões? Para que serve a avaliação?

As universidades, de modo geral, estão longe de desenvolver trabalho pedagógico que forme os estudantes para aprendizagens amplas e não somente “de conteúdos”.

  

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