outubro 2019

A avaliação na terceira versão do parecer do CNE que traça Diretrizes Curriculares Nacionais e Base Nacional Comum para a Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica (atualizada em 18/09/2019)

 

A avaliação na terceira versão do parecer do CNE que traça Diretrizes Curriculares Nacionais e Base Nacional Comum para a Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica (atualizada em 18/09/2019)

Benigna Maria de Freitas Villas Boas

O parecer acima mencionado, ainda em discussão, estabelece que as competências profissionais docentes são compostas por três dimensões: conhecimento profissional, prática profissional e engajamento profissional.

Embora pesquisas, como a de Soares (2014), apontem há algum tempo a fragilidade do tratamento dado à avaliação em cursos de formação de professores, essa categoria do trabalho pedagógico recebe atenção mínima do texto, sendo incluída em seus aspectos técnicos. Vejamos.

Uma das competências específicas do conhecimento profissional, dominar os conteúdos e saber como ensiná-los, assim inclui a avaliação: “Demonstrar conhecimento sobre diferentes formas de avaliar a aprendizagem dos estudantes de maneira diagnóstica, formativa e somativa, de modo que possa aferir resultados de aprendizagem”. A aferição de resultados é a atividade mais importante do processo avaliativo? Avalia-se simplesmente para isso? Com essa redação iniciam-se as referências à avaliação. Continue a ler »A avaliação na terceira versão do parecer do CNE que traça Diretrizes Curriculares Nacionais e Base Nacional Comum para a Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica (atualizada em 18/09/2019)

Unicamp realiza ato histórico em defesa da ciência, educação e autonomia universitária

 

JC Notícias – 16/10/2019

Unicamp realiza ato histórico em defesa da ciência, educação e autonomia universitária

A assembleia extraordinária da Universidade Estadual de Campinas reuniu nessa terça-feira cerca de 8 mil pessoas, entre docentes, estudantes, pesquisadores e funcionários da universidade, além de representantes de organizações da sociedade civil. “O momento é grave, a gente está enfrentando provavelmente o que é um dos maiores ataques à universidade pública”, declarou o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel

Em uma manifestação histórica, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovou na tarde desta terça-feira (15) uma moção em defesa da ciência, educação e autonomia universitária durante a primeira assembleia extraordinária realizada em 53 anos da universidade. A moção, dirigida à sociedade brasileira, foi aprovada de forma unânime em ato realizado no Ciclo Básico da Unicamp. Segundo a vigilância da Universidade, pelo menos oito mil pessoas estiveram presentes na mobilização.

A realização da assembleia foi aprovada no dia 24 de setembro pelo Conselho Universitário da Unicamp (Consu), órgão máximo de deliberação da universidade. Esta é a primeira vez em mais de 50 anos que o Consu convoca uma assembleia com esse caráter. O último ato desta proporção aconteceu em 1981, durante a ditadura militar. O protesto, à época, foi em repúdio à invasão do campus universitário promovida pelo então governador do Estado, Paulo Maluf.

O ato contou com a participação de docentes, estudantes, pesquisadores e funcionários da universidade, além de representantes de organizações da sociedade civil, dentre elas, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

O reitor da Unicamp, o físico Marcelo Knobel, abriu a assembleia chamando atenção para a gravidade do momento político do País e disse que a mobilização reuniu a comunidade universitária em defesa de uma causa comum. “Em que pesem as diferenças que certamente existem entre nós, estamos todos aqui, no coração da Unicamp, para defender um ideal comum: a universidade pública, a educação, a ciência e a tecnologia”, declarou.

“O momento é grave, a gente está enfrentando provavelmente o que é um dos maiores ataques à universidade pública. É o Future-se que vem para acabar com os pilares da universidade pública, é o contingenciamento de verbas para pesquisa da Capes e da CNPq. Esses cortes anunciados nas bolsas impactam e muito na pesquisa dos nossos estudantes, nas nossas pesquisas realizadas aqui na Unicamp e em todo o País”, ressaltou o reitor.

O presidente da (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, enalteceu a iniciativa exemplar da Unicamp e disse que é uma ação que pode contribuir para conclamar a comunidade do País inteiro a se mobilizar e se posicionar com mais veemência diante do momento difícil vivido pela universidade pública, pelo sistema de ciência e tecnologia e pela educação como um todo. “As universidades têm um papel muito importante no debate e articulação com outros setores para superar as dificuldades que estamos enfrentando. O poder econômico valoriza apenas um setor, o dos financistas”, disse.

Ele alertou para o orçamento previsto para o setor em 2020, o que chamou de catastrófico para a ciência brasileira. “Tivemos o corte drástico para o CNPq, a Capes teve o orçamento reduzido à metade e a Finep viu 90% dos recursos vindos de setores econômicos congelados. Isso significa que não temos chance de competir minimamente em escala nacional. Nem chances mínimas de atender às diversas dificuldades e problemas da sociedade. É fundamental a preservação dessas agências”, afirmou.

Moreira ressaltou as ações da SBPC na luta contra o desmantelamento do setor e, principalmente, na proposição de saídas para esta crise. Na semana passada, por exemplo, a entidade, juntamente com outras instituições acadêmicas e científicas, enviou um manifesto contra desmonte de agências nacionais de fomento à CT&I para o governo. “Essas agências de fomento são fundamentais há décadas e não podem ser descontinuadas com uma decisão burra. A nossa atuação deve ser de resistência a esse desmonte que está sendo delineado em várias áreas da educação, da universidade e da ciência brasileira. Mas, além da atuação contra esse desmonte, devemos pensar também para frente, na construção de um projeto nacional mais amplo, no qual a educação e a CT&I estejam inseridas como elementos centrais.”

Flávia Calé, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), disse que a assembleia da Unicamp é um exemplo para todas as universidades, justamente quando a autonomia é novamente atacada. “Atacam porque respondemos por 90% da produção científica. Não existe desenvolvimento e soberania sem a universidade. O jeito é ir para as ruas no País inteiro para assegurar a universidade pública”, disse.

O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, defendeu o mesmo espaço para assembleias na USP e Unesp, incentivando maior participação dos estudantes na organização da luta para “salvar o País do momento de obscurantismo”: “Precisamos chamar a atenção das pessoas para a importância da universidade e para como ela está sendo atacada, convocando passeatas e falando cada vez mais para o povo”.

Caio Yuji, presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), reiterou que a assembleia da Unicamp é um exemplo para as demais universidades brasileiras: “É importante que todas se mobilizem. É com unidade que vamos voltar para a rua defendendo a educação pública de qualidade. Não vamos perder para um governo que não acredita na educação”.

Oswaldo Alves, professor do Instituto de Química da Unicamp, participou da assembleia extraordinária representando a Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Vim falar sobre os problemas no sistema de ciência e tecnologia, indicando possíveis soluções e ações da Academia para reverter algumas situações e trabalhar no sentido de preservar as conquistas ao longo de todos esses anos. Estamos apoiando esse movimento de hoje e é importante que tenhamos vários pelo País inteiro, esclarecendo a população sobre a importância da C&T, de que muitos dos problemas que nos afligem têm solução através de pesquisas feitas nos laboratórios.”

A Moção da Unicamp à Sociedade foi lida e aprovada por unanimidade durante a assembleia extraordinária. O documento foi elaborado, em consenso, pelos representantes da Reitoria, Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), Diretório Central dos Estudantes (DCE) e da Associação de Pós-Graduandos da Unicamp (APG). “Os obstáculos que têm sido impostos às universidades públicas – seja por meio de cortes orçamentários diretos, diminuição dos recursos direcionados às agências de fomento ou pressões de natureza econômica, ideológica ou social – colocam em risco a estrutura do sistema nacional de ciência, tecnologia, inovação e ensino, deixando o país sujeito ao retrocesso e ao obscurantismo”, alerta o texto.

Leia na íntegra a Moção aprovada:

MOÇÃO DA UNICAMP À SOCIEDADE

15/10/2019

A comunidade acadêmica da Unicamp manifesta sua indignação diante dos reiterados ataques contra a educação e a ciência perpetrados no Brasil nos últimos meses, e conclama a sociedade a unir-se em defesa da universidade pública gratuita, laica, socialmente referenciada e de qualidade.

Neste momento preocupante da história nacional, caracterizado por uma crise econômica e política sem precedentes, é vital que as universidades públicas reafirmem seu valor e ressaltem a importância da autonomia para o cumprimento de sua missão.

Como se sabe, a missão primordial de universidades como a Unicamp, mantidas com recursos provenientes de impostos, consiste em formar pessoas altamente qualificadas, desenvolver pesquisas de impacto e colocar o conhecimento que produzem à disposição da sociedade por meio de atividades de extensão e assistência.

Ao mesmo tempo, espera-se das universidades públicas que acompanhem as transformações acadêmicas, científicas, tecnológicas, sociais e culturais do mundo contemporâneo, buscando formas de promover a diversidade e a inclusão social em suas comunidades, de ampliar a transparência de seus processos e de atender aos objetivos de desenvolvimento sustentável.

Nada disso é possível sem que se observe o princípio da autonomia, garantido às universidades públicas pelo artigo 207 da Constituição Federal de 1988. Atentar contra a autonomia significa impedi-las de fazer suas próprias escolhas, fundamentais para a criação e manutenção de um ambiente estimulante, desafiador, criativo, dinâmico e, sobretudo, de respeito às pessoas e à diversidade de opiniões.

Os obstáculos que têm sido impostos às universidades públicas – seja por meio de cortes orçamentários diretos, diminuição dos recursos direcionados às agências de fomento ou pressões de natureza econômica, ideológica ou social – colocam em risco a estrutura do sistema nacional de ciência, tecnologia, inovação e ensino, deixando o país sujeito ao retrocesso e ao obscurantismo.

Os argumentos nos quais se baseiam os ataques recentes, fortemente marcados pelo anti-intelectualismo e por um profundo desprezo pelo conhecimento científico, revelam uma visão equivocada da função da educação superior e da ciência. Os recursos de que as universidades públicas necessitam para realizar suas atividades-fim não podem jamais ser encarados como um custo para o Estado, mas sim como um investimento no futuro do país.

No Brasil, assim como em todos os países desenvolvidos, a pesquisa nas universidades é financiada majoritariamente pelo Estado, por meio de suas agências de fomento. Interromper o fluxo de recursos para essas instituições constitui um equívoco que impedirá o país de enfrentar e resolver os grandes desafios sociais e econômicos que se apresentam.

Da mesma forma, as críticas a áreas específicas, como as humanidades e as artes, demonstram uma ignorância absoluta do papel fundamental que a busca por conhecimento exerce no desenvolvimento do pensamento crítico e criativo, bem como na formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento social, à redução das desigualdades e ao respeito à diversidade.

Diante de tudo isso, cabe à Unicamp unir-se às demais instituições que buscam reagir às investidas contra as universidades públicas e, por conseguinte, ao violento processo de desmonte dos sistemas nacionais de educação superior e de ciência, tecnologia e inovação.

A comunidade acadêmica da Unicamp reafirma, aqui, o seu compromisso com a defesa das liberdades de cátedra e de livre organização associativa e estudantil. É preciso, neste momento, zelar pelo patrimônio inestimável que as universidades públicas representam para o Brasil. Urge uma consistente mobilização para evitar que os frutos de tantos anos de investimento de toda a sociedade sejam colocados em risco por uma política que ignora tanto o passado, quanto o presente, e ainda ameaça o futuro do país. A isso, é preciso reagir!

Vivian Costa – Jornal da Ciência, com agências

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