A influência do PABAEE na formação de professores

 

A influência do PABAEE na formação de professores

O Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar (PABAEE) resultou de acordo assinado entre o Brasil e os Estados Unidos, em junho de 1956, com o objetivo de melhorar o ensino elementar brasileiro que, na década de 1950, apresentava altos índices de evasão e repetência, elevado número de professores leigos e utilização de material didático que não contribuía para o processo de escolarização.

A implantação do PABAEE ocorreu em todo o Brasil, porém, mais fortemente no estado de Minas Gerais. O programa foi implementado no Instituto de Educação de Belo Horizonte, Minas Gerais, no período de 1956 a 1964, caracterizando-se pela presença do chamado tecnicismo americano no aperfeiçoamento (termo usado à época) de professores da Escola Normal ( ABREU e EITERER (2008) .

Segundo Paiva e Paixão (2002), o padrão de ensino das Escolas Normais era baixo, o seu currículo era organizado com vistas à entrada na Universidade e o trabalho privilegiava a memorização de conteúdos. O entendimento das autoras é o de que o PABAEE pretendia reviver a Escola de Aperfeiçoamento da década de 1920 e garantir a Belo Horizonte o título de “Capital Pedagógica do Brasil”, conquistado à época das reformas de Campos. Também na década de 1920 professores foram enviados aos Estados Unidos para frequentar cursos e docentes americanos vieram dar aulas no Brasil.

Abreu e Eiterer (2008) esclarecem serem finalidades do acordo de 1956, ampliadas em 13/05/57, introduzir e demonstrar métodos e técnicas de ensino na escola primária, incluindo a análise, criação e adaptação de métodos, materiais e equipamentos. Outra finalidade era o envio de professores para cursos nos Estados Unidos.

Por influência do PABAEE, tivemos em Brasília, por alguns anos, escolas de demonstração. As Escolas Classes 305 e 315 Sul estavam entre elas. A Escola Classe nº 1 do Núcleo Bandeirante tornou-se ponto de referência para o desenvolvimento do Projeto ABC, voltado para a alfabetização. Professores de todo o Distrito Federal lá compareciam em datas programadas para assistir a aulas de professoras preparadas para tal. Ao final, havia encontro com a orientadora do projeto, para discussão das atividades e recomendação de como deveriam trabalhar com seus estudantes até o próximo encontro. Era uma orientação a “conta gotas”. Os professores não conheciam o que se esperava deles durante todo o ano letivo e em que consistia seu trabalho. Nada escrito lhes era entregue. Dependiam totalmente das orientações que recebiam na Escola Classe nº 1 do Núcleo Bandeirante. Esse fato exemplifica a desqualificação do trabalho dos docentes das escolas públicas do DF, assim como a falta de autonomia em sua atuação. Atividades como estas acompanharam todo o período do regime militar.

Referências

ABREU, C. B. L. de; EITERER, C. L. A ênfase metodológica na formação de professores no PABAEE. Linhas. Florianópolis, v. 9, p. 93-108, jan./jun. 2008.

PAIVA, E. V.; PAIXÃO, L.P. Sociedade e pesquisa: PABAEE (1956-1964) a americanização do ensino elementar no Brasil. Niterói: Eduf, 2002.