Autores se autocensuram sobre ditadura para não perder espaço no MEC de Bolsonaro

 

Retrocesso inadmissível

JC Notícias- 08/04/2019

Autores se autocensuram sobre ditadura para não perder espaço no MEC de Bolsonaro

Pedidos de alteração começaram a acontecer ainda na campanha eleitoral, antecipando o posicionamento ideológico do Governo que seria eleito. Em um caso, o termo ditadura foi suavizado. Em outro, charges foram suprimidas

Na reta final das eleições presidenciais 2018, um movimento atípico tomou conta de ao menos quatro grandes editoras de livros didáticos do país. Autores de história, muitos conceituados e com longa carreira na educação, pediam para fazer modificações na última versão dos livros de história que iriam disputar a licitação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para o ano de 2020, voltada à compra de obras para os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Os pedidos, que incluíam substituir a palavra ditadura por regime, e golpe de 64 por movimento — em contraste com o recomendado pelas próprias diretrizes oficiais que citam ditadura civil-militar —, surpreenderam até mesmo editores. Os próprios autores, antecipando o posicionamento ideológico do Governo Bolsonaro prestes a ser eleito, optaram pela autocensura para não perder espaço potencial num mercado milionário.

O EL PAÍS apurou que, de ao menos três pedidos diretos de modificação de texto para retirar o termo ditadura, um foi acatado e o livro, já modificado. Em um quarto caso, a petição do autor foi para trocar charges de uma obra por “imagens menos impactantes” e as modificações também foram feitas. Todos os envolvidos falaram com a reportagem em condição de anonimato por causa da delicadeza do tema no momento em que a gestão bolsonarista redobra a aposta na estratégia negacionista sobre a ditadura, apoiada principalmente pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez, que, segundo o próprio presidente, está ameaçado de demissão.

Leia na íntegra: El País Brasil

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