Criação de cultura favorecedora do feedback

 

Criação de cultura favorecedora do feedback

O feedback é um componente essencial do processo de aprendizagem e da avaliação formativa. Contudo, oferecê-lo e recebê-lo é mais complexo do que se pensa, afirma Pauline Zdonek, do ASCD Express, de 11/01/2018. Em Thanks for the feedback: the science and art of receiving feedback well (London: Portfolio Penguin), Douglas Stone e Sheila Heen sinalizam que o cérebro humano é organizado de uma forma que torna o feedback um desafio. Por um lado, as pessoas tendem naturalmente a lutar pelo próprio desenvolvimento. O feedback é um recurso necessário para a identificação de aspectos sobre os quais a própria pessoa precisa atuar. Por outro lado, afirmam os autores, há a necessidade psicológica de sentir-se aceito, o que pode fazer com que o feedback seja deixado de lado para que se evite o sentimento de rejeição, no caso daquele dirigido ao professor. Mesmo que este o solicite, o estudante poderá ficar inseguro quanto às possíveis reações.

Como podem os professores contribuir para que que os estudantes aprendam a receber o feedback de maneira prazerosa? Isso mesmo. Trata-se de uma aprendizagem. Zdonek considera que há meios de o feedback ser oferecido na hora certa e da maneira adequada. Para isso, é imprescindível a criação de uma cultura emocionalmente segura, na sala de aula, o que não é fácil, diz ela. Talvez o ponto de partida seja os estudantes perceberem que o professor procura aprender com o feedback. Mas ele tem de deixar clara sua intenção. Eles se sentem bem quando sabem que o professor é seu aliado na construção das aprendizagens e não uma pessoa que apenas cumpre sua obrigação. Além disso, aprendem que o feedback não é ameaçador; ao contrário, integra o processo de aprendizagem. Para que esse mecanismo funcione, os docentes organizam seu próprio processo de torná-lo uma aprendizagem evidente para os estudantes.

Zdoneck sugere aos professores solicitarem aos estudantes frequentes feedbacks, tais como: “Aponte um aspecto que possa contribuir para melhorar nossa aula”. Aqui ele se volta para a avaliação do trabalho pedagógico com vistas a torná-lo cada vez mais condizente com as necessidades da turma.

Outra sugestão: “Seja imperfeito. Permita-se, propositalmente (ou não), cometer enganos e convide os estudantes a identificá-los”. Crie espaços para isso. Agradeça os comentários e demonstre que os coloca em prática.

A autora faz diferença entre o feedback avaliativo e o que oferece contribuições (coaching feedback). O primeiro se revela por meio de notas e o segundo, como o nome indica, contém ajuda para o desenvolvimento das aprendizagens. Ela alerta: se houver a presença de nota, os estudantes lhes dão mais atenção, desprezando as contribuições escritas ou orais. Por isso, se a aprendizagem é verdadeiramente valorizada, dê menos notas, recomenda Zdoneck aos docentes, para que os estudantes se sintam confortáveis para assumir riscos.

O feedback oferecido pelo professor aos estudantes e o que estes lhes destinam cumprem o papel importante de formar os discentes para a prática da avaliação que rejeita o autoritarismo e enseja trabalho colaborativo.

 

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