Mais da metade dos países não têm estratégias para recuperar aprendizagem

JC Notícias- 04/04/2022

O relatório Where are we on education recovery? (Onde estamos na recuperação da educação?) é baseado em uma pesquisa de 122 escritórios do Unicef administrada no início de março de 2022

Um relatório conjunto divulgado quarta-feira (30) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Banco Mundial destaca níveis impressionantes de perda de aprendizado em todo o mundo e faz um balanço das medidas tomadas pelos países para mitigar as perdas de aprendizado à medida que as escolas reabrem.

O relatório Where are we on education recovery? (Onde estamos na recuperação da educação? – disponível somente em inglês) é baseado em uma pesquisa de 122 escritórios do Unicef administrada no início de março de 2022.

Os dados revelam uma “perda colossal” no aprendizado das crianças e destacam que menos da metade dos países está implementando estratégias em escala para que elas possam recuperar a aprendizagem perdida durante a pandemia. E apenas metade dos países de baixa renda tem um plano em vigor para avaliar onde os que retornaram estão em seu aprendizado. Um quarto destes país não tem sequer dados para mostrar quantos estudantes retornaram à escola.

“A menos que todos os países implementem e expandam programas no próximos meses, correm o risco de perder uma geração”, alertam a diretora-geral adjunta de Educação da Unesco, Stefania Giannini, o diretor global de Educação do Unicef, Robert Jenkins, e o diretor global de Educação do Banco Mundial, Jaime Saavedra, em comunicado conjunto.

No total combinado, 2 trilhões de horas de aulas presenciais foram perdidas devido ao fechamento de escolas desde março de 2020. Isso significou que estudantes em mais de quatro em cada cinco países ficaram para trás em seu aprendizado e as crianças mais vulneráveis – aqueles que vivem na pobreza e em áreas rurais, crianças com deficiência e os estudantes mais jovens – viram a sua aprendizagem regredir.

As habilidades básicas e fundamentais sofreram prejuízos em muitos países. As crianças esqueceram como ler e escrever; algumas são incapazes de reconhecer letras. As crianças que estavam prestes a começar a escola pela primeira vez nunca tiveram a chance de aprender essas habilidades, já que a educação infantil foi interrompida na maioria dos países. “Sem uma ação corretiva urgente, isso pode trazer sérias consequências ao longo da vida em termos de saúde e bem-estar, aprendizado futuro e emprego”, advertiram os representantes das agências da ONU.

Eles afirmam que, mesmo com repetidos avisos, ainda não está sendo feito o suficiente para recuperar as perdas. “Em um momento em que é mais necessário, o financiamento da educação tem sido desesperadamente insuficiente”, alertam. Os países alocaram em média 3% de seus pacotes de estímulo econômico de resposta à covid-19 para a educação. Nos países de renda baixa e média-baixa, a alocação foi inferior a 1%.

As agências recomendam aos governos redobrar os esforços para levar todas as crianças à escola, lembrando que a educação é um direito humano fundamental. Para o cumprimento desse direito, toda criança precisa ser avaliada em seu aprendizado e, com base nos resultados, deve ter acesso a aulas de qualidade, personalizadas e atualizadas para recuperar o que perdeu e além. O ensino deve ser ajustado para o nível em que elas estão atualmente em sua aprendizagem. Os professores devem receber a formação, o apoio e os recursos de que necessitam. E, finalmente, as escolas devem ir além dos locais de aprendizagem e apoiar o bem-estar e a segurança das crianças.

“Este é um momento ‘agora ou nunca’ para agir e transformar a educação para salvar esta geração”, defendem os representantes das agências da ONU.

ONU Brasil