Meninas devem usar coque e meninos, cabelo curto. O que estão fazendo com as escolas públicas do DF?

 

Meninas devem usar coque e meninos, cabelo curto

O que estão fazendo com as escolas públicas do DF?

Reportagem do Correio Braziliense de 10/07/2019 informa que mais seis escolas do Distrito Federal serão militarizadas a partir de 1º de agosto, por meio de parceria entre as secretarias de Educação e de Segurança Pública. As unidades escolhidas são as seguintes: Centro Educacional Gisno, CEF 19 (Taguatinga), CEF 407 (Samambaia), CEF 01 (Núcleo Bandeirante), CEF 05 (Paranoá) e CED Condomínio Estância III (Planaltina). Isso significa que terão gestão compartilhada.

Na publicação anterior, de autoria do GEPA, são arrolados os inconvenientes dessa iniciativa. Por isso, não os repetirei aqui.

Diz a reportagem que, “para que os colégios, de fato, sofram as alterações, é necessário que haja a aprovação dos corpos escolares. Caso a comunidade não aceite a intervenção, as secretarias escolherão unidades substitutas”. Contudo, os professores e outros profissionais da escola talvez não tenham discutido em profundidade o sentido e as consequências pedagógicas da militarização. Talvez a entendam apenas como forma de se evitar a indisciplina dos estudantes. Talvez não tenham analisado as implicações para a autonomia docente.

Os estudantes por sua vez, necessitariam de compreender o significado dessa imposição para a sua formação.

Os pais/responsáveis, atormentados pela violência que ronda as escolas, poderão analisar somente esse lado da militarização da escola de seus filhos.

Diante disso, pergunto: os “corpos escolares” estão em condições de decidir pela militarização? Não há maneiras competentes e inovadoras de construir o trabalho pedagógico das escolas para que promovam as aprendizagens condizentes com a formação cidadã autônoma?

As consequências de tudo isso serão desastrosas para todos os envolvidos no trabalho escolar. Os estudantes merecem aprender não “apesar da escola pública”, mas por “fazerem parte de escola pública”.