Militares podem intervir no trabalho pedagógico em sala de aula?

 

Militares podem intervir no trabalho pedagógico em sala de aula?

Claro que não. Mas foi o que aconteceu no dia 12/11/2019 no Centro Educacional 07 de Ceilândia, DF, escola militarizada, ou de gestão compartilhada, como assim é designada pela SEEDF. A professora de Ciências estava em aula com os estudantes e um sargento, denominado monitor pelo projeto, entrou para aplicar advertências a alguns deles. Ela pediu que ele saísse porque não era o momento nem o local apropriado para isso, mas ele permaneceu. A professora, irritada, começou a interpelá-lo em voz alta, dizendo que a sala era dela, a turma era dela e não permitia que ele ali ficasse. Ele também levantou a voz e segundo ela, começou a debochar. Muito nervosa, a professora gravou uma mensagem pelo celular pedindo a ajuda da direção. Tudo isso foi assistido pelos estudantes. Quais aprendizagens eles estão incorporando por meio dessa situação? São adolescentes e aprendem o que vivenciam.

A indignação da mestra foi legítima e parece significar que a situação ocorria há algum tempo. Não é para menos. Policiais militares são importantes para prevenir e resolver problemas de violência na área externa à escola. Eles não têm formação nem autoridade pedagógica para interromper aulas, para “disciplinar” os estudantes à sua maneira. Escolas não são quarteis.

Uma professora da escola publicou a seguinte mensagem em uma rede social: “Eu trabalho nessa escola e a realidade é muito complicada. Não é gestão compartilhada, é escola militarizada mesmo. Não houve nenhum tipo de ganho disciplinar ou pedagógico dentro da sala de aula. Ao contrário, vemos alunos reagindo ao excesso de repressão e opressão, desmotivados e com declínio de rendimento. Lamento muito que esse projeto autoritário esteja se espalhando pelo DF”.

O caso teve repercussão. A professora fez uma representação contra o policial junto à Câmara Legislativa do DF. O SINPRO, Sindicato de Professores do DF, pediu explicações. Os canais de TV estão noticiando o fato.

A militarização de escolas públicas a estão humilhando e desqualificando.  Também perdem os policiais envolvidos porque estão se tornando alvo de chacotas.