Pesquisa revela que escolas no Brasil têm menos tempo para ensino e mais bullying entre alunos do que a média internacional

 

Pesquisa revela que escolas no Brasil têm menos tempo para ensino e mais bullying entre alunos do que a média internacional

 

Reportagem da BBC Brasil, de 19/06/2019, apresenta parte dos resultados da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis, na sigla em inglês), que acabam de ser divulgados pela OCDE. Um deles aponta que, em uma aula típica, os professores brasileiros passam, em média, apenas 67% do tempo com o processo de aprendizado – o restante acaba sendo dedicado a tarefas administrativas, como fazer chamada, ou disciplinares, como manter a ordem da classe.

A OCDE entrevistou 250 mil professores e líderes escolares de 48 países ou regiões e constatou que os professores usam 78% do tempo de sala de aula com aprendizagem. Atrás do Brasil, só professores da África do Sul e da Arábia Saudita gastam mais tempo com tarefas não relacionadas ao aprendizado.

“A perda de alguns minutos por dia, somados, acaba totalizando a perda de vários dias no ano escolar, por isso o tempo gasto no aprendizado é tão importante”, diz à BBC News Brasil Karine Tremblay, principal autora do estudo.

Outro dado que chamou a atenção de Tremblay é que 28% dos diretores escolares brasileiros relataram ter testemunhado situações de intimidação ou bullying entre alunos, o dobro da média da OCDE. Semanalmente, 10% das escolas brasileiras pesquisadas registram episódios de intimidação ou abuso verbal contra educadores, segundo eles próprios, com “potenciais consequências para o bem-estar, níveis de estresse e permanência deles na profissão”, diz a pesquisa. A média internacional é de 3%.

A pesquisadora percebeu que, em muitos ambientes escolares, o bullying e a agressividade acabaram sendo “normalizados” e minimizados, com impactos negativos sobre o aprendizado. “Claramente, se os estudantes não se sentem seguros em sua própria escola, não há condições para aprender.” Ela afirma que todos no ambiente escolar, de pais a educadores e estudantes, precisam entender que essa questão não é aceitável e precisa ser enfrentada. Só assim é que o problema será combatido. Diretores precisam entender que se trata de um problema sério, que afeta o bem-estar e, portanto, o aprendizado dos alunos e que é extremamente necessária a realização de campanhas de conscientização para estimular vítimas e testemunhas a relatar os casos.

A mesma pesquisa indica que os professores precisam ajudar os alunos a pensar por si próprios e a trabalhar em conjunto, desenvolver sua identidade, agência e propósito. Estudantes dificilmente serão eternos aprendizes se não enxergarem seus professores como eternos aprendizes ativos.

 

 

 

 

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