Primeira aula da disciplina sobre felicidade

 

Primeira aula da disciplina sobre felicidade

Dia 14/08/2018 aconteceu a primeira aula da disciplina sobre felicidade, na UnB do Gama, DF. No dia seguinte, um telejornal mostrou o primeiro encontro do docente com os estudantes. As 240 vagas oferecidas foram preenchidas. Os estudantes estavam em um auditório, muito sorridentes. O professor Wander Pereira da Silva, em entrevista, mostrava-se entusiasmado. A disciplina está ganhando notoriedade.

Dois desafios principais serão enfrentados pelo professor e estudantes. O primeiro é o desenvolvimento de trabalho de qualidade, que garanta a manutenção do interesse dos integrantes da turma. Não quero dizer apenas qualidade técnica, por meio de recursos mirabolantes, mas, principalmente, qualidade social, movida por “ações intencionais tomadas pelo professor, com olhar atento às singularidades dos alunos, seus interesses, potencialidades e dificuldades, visando a promover seu desenvolvimento integral nas múltiplas dimensões da formação humana: dos valores, relacional, afetiva, política/social, cognitiva, cultural” (Oliveira, 2017, p. 136).

Como decorrência vem o segundo desafio, tão importante quando o primeiro: construção de uma avaliação consequente, isto é, atrelada aos objetivos propostos e comprometida com as aprendizagens. Discorrendo sobre o direito à formação humana como referente da avaliação, Arroyo (2017, p. 15) ensina que “o parâmetro de qualidade é inerente a toda avaliação”. Complementa: “o caráter de avaliação de aprendizado de saberes escolares pertence ao passado. Os debates no campo da avaliação, da qualidade aumentam e se radicalizam e repolitizam pressionados pela radicalidade política que vem dessa relação entre educação-escola-qualidade-avaliação e globalização do desemprego estrutural” (p. 15). Pode-se depreender do pensamento de Arroyo que a avaliação inclui dimensões muito mais amplas do que a mera aplicação de instrumentos formais e atribuição de menções. Uma das dimensões por ele apontadas diz respeito a mostrar que “a propalada defesa da qualidade mercantilizada, global, conservadora da educação encobre dimensões sociais, políticas radicais. Predefine a qualidade social de seu viver, sobreviver” (p. 16). E mais: “ a ênfase na qualidade social das avaliações pretende desocultar essas funções sociais, políticas tão radicais de reprodução da segregação coletiva social, racial, de gênero do padrão globalizado de trabalho de que as avaliações conservadoras tentam legitimar” 2017 (p. 17).

Portanto, com o apoio de Arroyo, podemos concluir que uma disciplina inovadora, como a que trata da felicidade, requer que o processo avaliativo tenha olhar social. Menções ficam em segundo plano. Como constituem exigência da UnB, podem ser entendidas como decorrência do processo avaliativo e não o seu centro.

A necessidade que hoje se apresenta em relação à avaliação é nos despirmos da concepção ingênua que dela sempre tivemos (centrada em provas e notas) para darmos lugar à que se articula com a qualidade social do trabalho pedagógico.

Como a turma é muito grande, o professor Wander terá de criar estratégias de trabalho dinâmicas e colaborativas. A palavra-chave é construção conjunta professor-estudantes, acompanhada de contínua avaliação do trabalho por todos os envolvidos.

Referências

ARROYO, Miguel. O direito à formação humana com referente da avaliação. In SORDI, M. R. DE; VARANI, A.; MENDES, G. do S. C. (Orgs.) Qualidades da escola pública: reinventando a avaliação como resistência. Uberlândia, MG? Navegando Publicações, 2017.

OLIVEIRA, Sara Badra de. Formação humana e os significados das palavras em disputa: afinamento conceitual. In SORDI, M. R. DE; VARANI, Adriana; MENDES, G. do S. C. (Orgs.) Qualidades da escola pública: reinventando a avaliação como resistência. Uberlândia, MG? Navegando Publicações, 2017.

Marcações: