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Estudantes em quarentena, e agora?

 

Estudantes em quarentena, e agora?

Profa. Dra. Elisângela Teixeira Gomes Dias

 

Estamos vivendo a maior crise sanitária da contemporaneidade, decorrente do Coronavírus (COVID-19). Uma das medidas de proteção para enfretamento dessa emergência de saúde pública é o fechamento de escolas e estabelecimentos que concentram pessoas. Dados recentes da Unesco revelam que mais de 850 milhões de estudantes estão de quarentena. No Brasil, ainda não sabemos até quando as aulas ficarão suspensas. Estima-se que o pico da doença ocorra nos meses de abril e maio, e que essa pandemia seja contida somente em setembro.

O Ministério da Educação autorizou que as Instituições de Educação Superior utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação para substituir, por um período de 30 dias, as disciplinas presenciais. E mesmo com a crescente expansão de disciplinas híbridas no ensino superior e a disponibilização de diferentes ambientes virtuais de aprendizagem gratuitos, professores e estudantes têm sido desafiados a se reinventarem e estão “trocando pneu com o carro andando”. De forma semelhante, algumas escolas de Ensino Médio rapidamente mudaram o seu planejamento e já dispõem de roteiros de estudos e oportunizam a interação entre alunos e professores por meio de videoaulas, web conferências, fóruns, chats, entre outros recursos. E toda essa crise abre espaço para exploração da criatividade.Continue a ler »Estudantes em quarentena, e agora?

ORGANIZANDO A ESCOLARIDADE EM CICLOS: DESAFIOS PARA A AVALIAÇÃO

 

ORGANIZANDO A ESCOLARIDADE EM CICLOS: DESAFIOS PARA A AVALIAÇÃO

Benigna Maria de Freitas Villas Boas – Universidade de Brasília/Faculdade de Educação

Texto escrito em 2006

 

A organização da escolaridade em ciclos surgiu na década de 60, no Brasil. Elevados índices de reprovação e repetência, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental, motivaram a sua implantação, em substituição ao regime seriado. Constituíram-se experiências pioneiras de adoção de ciclos a do Distrito Federal (Fases e Etapas, de 1963 até o final da década de 60), a de São Paulo (Organização por Níveis, de 1968 a 1972); a de Santa Catarina (Sistema de Avanços Progressivos, de 1970 a 1984); a do Rio de Janeiro (Bloco Único de Alfabetização, de 1979 a 1984). A implantação de ciclos no Brasil sempre esteve vinculada à necessidade de eliminar o fracasso escolar, estreitamente relacionado às práticas avaliativas. Não se pode responsabilizar inteiramente a avaliação por esse fracasso, mas, também, não se pode isentá-la. A avaliação é central no trabalho com ciclos: espera-se que a sua função tradicional de aprovar e reprovar e de atribuir notas seja substituída pela que promova a aprendizagem de alunos e professores e o desenvolvimento da escola. Com esta última função, a avaliação acompanha todo o processo e reorganiza o trabalho pedagógico. Mais uma vez a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal inicia a organização da escolaridade em ciclos. Dentre as medidas para incorporação das crianças de 6 anos de idade ao ensino fundamental, foi implantado em 2005 o Bloco Inicial de Alfabetização – BIA, em Ceilândia, em 52 escolas. O grupo de pesquisa Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico, cadastrado no CNPq, está conduzindo uma investigação sobre as práticas avaliativas adotadas pelo BIA. Este texto pretende: apresentar e discutir as orientações gerais para a implantação do BIA, no DF, principalmente as que se referem à avaliação; apresentar e analisar as informações já coletadas, destacando-se a construção do projeto interventivo pelas escolas; apontar os desafios postos para a avaliação.Continue a ler »ORGANIZANDO A ESCOLARIDADE EM CICLOS: DESAFIOS PARA A AVALIAÇÃO

Especialistas apontam os desafios da educação básica no Brasil

 

JC Notícias – 23/07/2019

Especialistas apontam os desafios da educação básica no Brasil

A discussão foi nesta segunda-feira (22) durante mesa-redonda, uma das atividades da 71ª Reunião Anual da SBPC, que acontece até sábado na UFMS, em Campo Grande

Os desafios enfrentados pelo País na educação básica são enormes. Para que o Brasil alcance as metas estabelecidas por alguns programas, dentre eles o Plano Nacional de Educação (PNE) é preciso enfrentar o desmonte do Sistema Nacional da Educação Pública em curso, melhorar as condições de trabalho dos professores, melhorar a qualidade de ensino e infraestrutura e reduzir as desigualdades . A opinião é de Eduardo Mortimer, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e de Antônio César Russi Callegari, que é do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada (IBSA), durante a mesa-redonda “Avanços e desafios da educação básica no Brasil”, que foi realizada no primeiro dia de atividades da 71ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada até sábado (27), na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Todos afirmam que a alfabetização ainda é crucial no País e que aproximadamente um terço das crianças brasileiras não saem plenamente alfabetizadas do terceiro ano do ensino Fundamental. Segundo o IBGE, o Brasil ainda tem 11,3 milhões de pessoas de 15 anos ou mais que são analfabetas — o equivalente a 6,8% da população.

Para Callegari, é essencial que se invista mais por aluno e com foco na aprendizagem, além de investir de forma mais equitativa. “Apenas 7% se formam coma proficiência adequada em matemática. No caso de língua portuguesa, chega a 23%. É preciso mais investimento para que o aprendizado seja feito nos primeiros anos, na hora correta, porque senão a criança vai ficando para trás”, afirma. Ele ainda completa que é preciso aumentar o investimento por aluno, mudar o sistema de destinação da complementação da União, passando para uma lógica direta aos entes federativos com menor valor aluno/ano total, criar uma equalização fiscal e socioeconômica.

Na opinião de Callegari é fundamental seguir o norte enunciado nas 20 metas e 256 estratégias do PNE, além dos planos estaduais e municipais. “Há muitas coisas óbvias a serem feitas. A sociedade civil e os movimentos sociais têm trabalhado há anos em planos detalhados de quais são as ações prioritárias para que avancemos ainda mais em qualidade e equidade na educação básica. Não é preciso reinventar a roda nem seguir por caminhos inócuos, como o das escolas cívico-militares”, afirma.

“Estamos preocupados com os descaminhos da educação no Brasil. Não só o ensino superior têm recebido cortes. Mas a educação básica também. Falta infraestrutura, muitas escolas não têm biblioteca, nem água. Muitas coisas têm de ser feitas. Está no hora de enfrentamento para barrar essa situação. Nenhum recurso foi destinado para as escolas nesses primeiros meses do governo do Jair Bolsonaro”, afirma Callegari que é sociólogo.

BNCC

Já Mortimer, que focou mais na implantação da Base Nacional Comum Curricular  (BNCC) no Ensino Médio, no contexto da Reforma de Ensino Médio, afirma que a Base trará problemas para os cursos de formação de professores, principalmente nas áreas de física e química. “Uma vez que as escolas não são mais obrigadas a oferecer todos os itinerários, elas poderão simplesmente optar por não oferecer, por exemplo, Ciências da Natureza e suas Tecnologias”, comenta.  Essa falta de obrigatoriedade é injusta e pode levar a uma grande lacuna na formação dos jovens pois, como lembra Mortimer, “nas regiões onde as escolas não ofertarem itinerários de Ciências da Natureza ou de Ciências Humanas, os jovens não poderão seguir as carreiras científicas, que dependem basicamente da existência desses itinerários.”

Segundo ele, apenas 42,6% dos professores de física do País têm formação em licenciatura em física. Em química esse percentual sobe para 61,3%, mas ainda assim é baixo. “Isso pode piorar”, lamenta.

O conselheiro da SBPC também demonstra preocupação com a formação dos professores. Para ele, as universidades terão, a partir de agora, que repensar isso, uma vez que no Brasil, todos os cursos de formação estão separados disciplinarmente.

A carga horária mínima é outro ponto que deixa a comunidade científica receosa, explica o conselheiro da SBPC, já que a BNCC estabelece como obrigatórios apenas os componentes Português e Matemática. Além disso, não se especifica como a principal novidade da Reforma do Ensino Médio – a existência de 5 itinerários diferenciados – vai ser implementada na prática, pois os itinerários não foram contemplados no texto aprovado.

Ciência aberta

Com o intuito de melhorar o ensino de ciências nas escolas, o secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcelo Morales, que participou da mesa, apresentou o programa “Ciência na Escola”.

Segundo Morales, o programa “Ciência na Escola” atuará de forma complementar e articulada com ações de popularização da ciência como olimpíadas e feiras de ciência, Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, entre outros. O objetivo é promover o ensino de ciências nas escolas públicas por meio da interação entre docentes e discentes das Instituições de Ensino Superior (IES) e Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs), do ensino médio e fundamental. “A intenção é estimular o interesse e o aprendizado de ciências por meio da oferta da infraestrutura de laboratórios das universidades e das metodologias de pesquisa”, explica. Duas chamadas já foram publicadas.

Vivian Costa- Jornal da Ciência

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