setembro 2018

Incluir os excluídos

 

Reflexão anterior ao texto: a inclusão de estudantes nas universidades por meio de cotas não basta. Eles precisam ser acolhidos com a certeza de que construirão as aprendizagens necessárias à sua vida e ao trabalho que desenvolverão, não importando sua origem. Não há necessidade de serem anunciados como cotistas, para que não recebam este rótulo. Devem ser recebidos com naturalidade e ter ajuda, principalmente dos professores, como merecem todos os estudantes. Todo cuidado é pouco para que não se transformem em “excluídos do interior”, expressão adotada por Bourdieu e Champagne (1998), ao referirem-se ao que aconteceu nas instituições de ensino secundário francês nos anos 50. Elas conheceram uma estabilidade muito grande fundada na eliminação precoce e brutal das crianças oriundas de famílias culturalmente desfavorecidas. Uma das transformações que afetaram o sistema de ensino a partir dos anos 50, relatam os autores, foi a entrada no “jogo escolar” de categorias sociais que, até então, se consideravam excluídas da escola. Depois de um período de ilusão e mesmo de euforia, os novos beneficiários compreenderam, pouco a pouco, que não bastava ter acesso ao ensino secundário para ter êxito. Continue a ler »Incluir os excluídos

Preservação da saúde mental no meio acadêmico

 

Preservação da saúde mental no meio acadêmico

A preservação da saúde mental no meio acadêmico tem sido um tema debatido ultimamente. Contudo, a avaliação não ainda não faz parte dessa discussão. De modo geral, os estudantes sonham entrar para a universidade e, aí chegando, sofrem com o isolamento e as cobranças muitas vezes exageradas. Não sou contra o rigor e a disciplina que o trabalho acadêmico requer. São absolutamente necessários, mas não dispensam certos cuidados pedagógicos: um deles é o processo avaliativo, que costuma ser cruel e não contribui para a construção das aprendizagens. Relato um fato verídico: em uma disciplina da área de Ciências Exatas a professora aplica quatro provas durante o semestre e não as devolve nem divulga as notas de cada estudante. Motivo: se ele obtiver nota “boa”, não estudará para a prova seguinte. Que cidadão está sendo formado por essa estratégia? O que causa muita estranheza é que os estudantes não reclamam, simplesmente se submetem. Já ouvi um deles dizer: ela está certa. Se eu conhecesse as notas anteriores não teria estudado tanto para a última prova. Fiquei com uma ótima nota.  Continue a ler »Preservação da saúde mental no meio acadêmico

“Fica no ar a necessidade de as universidades prepararem para as novas demandas da economia”

 

“Fica no ar a necessidade de as universidades prepararem para as novas demandas da economia”

Benigna Villas Boas

Assisti em um canal de televisão, no início de setembro, a uma conversa entre um economista do Instituto Ayrton Senna, um doutor em Educação e profissional do IPEA e uma especialista do Itaú Social, oportunidade em que o apresentador assim colocou o tema: o grande desafio dos futuros governantes é o ensino no Brasil, que realmente prepare os jovens para as exigências do país. Que dê o conhecimento necessário para impulsionar a economia que cria empregos e renda. Pesquisa da OCDE indica que, acima dos 25 anos de idade, metade dos adultos não concluiu o ensino médio. O Brasil aumentou o número de crianças na escola, mas, à medida que os anos passam, elas vão deixando as salas de aula. A baixa escolaridade e a baixa renda formam uma relação que faz mal para as pessoas e o país. O aluno que está fora da escola vai impactar a economia do país. Fica no ar a necessidade de as universidades prepararem para as novas demandas da economia.Continue a ler »“Fica no ar a necessidade de as universidades prepararem para as novas demandas da economia”

Amarelo pela vida: preservação da saúde mental no meio acadêmico

Preservação da saúde mental no meio acadêmico

A preservação da saúde mental no meio acadêmico tem sido um tema debatido ultimamente. Contudo, a avaliação não ainda não faz parte dessa discussão. De modo geral, os estudantes sonham entrar para a universidade e, aí chegando, sofrem com o isolamento e as cobranças muitas vezes exageradas. Não sou contra o rigor e a disciplina que o trabalho acadêmico requer. São absolutamente necessários, mas não dispensam certos cuidados pedagógicos: um deles é o processo avaliativo, que costuma ser cruel. Relato um fato verídico: em uma disciplina da área de Ciências Exatas a professora aplica quatro provas durante o semestre e não as devolve nem divulga as notas de cada estudante. Motivo: se ele obtiver nota “boa”, não estudará para a prova seguinte. Que cidadão está sendo formado por essa estratégia?  

Outro fato: em algumas instituições, após o professor corrigir as provas, as notas são lançadas por meio de um programa eletrônico e ali permanecem definitivamente. Não há possibilidade de intervenção pedagógica e de a nota ser substituída. Passando por esse sistema, os estudantes que se tornarem professores possivelmente irão replicá-lo em seu local de trabalho.

Vale a pena refletir: as cobranças feitas aos estudantes se alinham ao trabalho pedagógico desenvolvido? Eles participam do processo de tomada de decisões? Para que serve a avaliação?

Benigna Villas BoasContinue a ler »Amarelo pela vida: preservação da saúde mental no meio acadêmico

SBPC entrega ao CNE sugestões para a Base Curricular do Ensino Médio

 

São muitas as manifestações contrárias à BNCC do Ensino Médio. É necessário que o MEC leve em conta as considerações feitas por várias entidades e reinicie o processo de discussão da sua proposta. É o que se espera de um governo democrático.

JC Notícias – 17/09/2018

SBPC entrega ao CNE sugestões para a Base Curricular do Ensino Médio

 

O documento foi entregue pelo conselheiro da SBPC e professor da UFMG, Eduardo Mortimer, durante audiência pública na última sexta-feira (14), em Brasília

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), juntamente as diversas sociedades científicas, entregou o documento “A SBPC e a BNCC” ao Conselho Nacional de Educação (CNE), na última sexta-feira (14), durante a última audiência pública que discutiu a proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio. A reunião aconteceu na sede do Conselho, em Brasília, e contou com a participação do conselheiro da SBPC e professor da UFMG, Eduardo Mortimer, de integrantes do Ministério da Educação, de alunos, professores e dos mais diversos segmentos da sociedade brasileira ligados à educação, além dos conselheiros do CNE.Continue a ler »SBPC entrega ao CNE sugestões para a Base Curricular do Ensino Médio

Ensino médio é a etapa que vai exigir mais atenção do próximo governo

Após a divulgação do IDEB e dos resultados do SAEB 17, alardeia-se que o maior problema da educação básica é o ensino médio. Este fato tem sido usado para justificar a necessidade da implantação urgente da sua propalada reforma. É preciso analisar com cautela tudo isso. Se os estudantes não estão se saindo bem nesta etapa, cabe lembrar que proveem do ensino fundamental, etapa que também não tem desenvolvido ensino de qualidade. Por isso, toda a educação básica pede socorro.   

JC Notícias – 06/09/2018

Ensino médio é a etapa que vai exigir mais atenção do próximo governo

 

Segundo a presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, o desafio do próximo presidente na educação é garantir que todos os estudantes aprendam

O ensino médio é o grande gargalo da educação básica brasileira. É a etapa de ensino que concentra os piores indicadores escolares: altas taxas de abandono, alta porcentagem de repetência e piores índices de aprendizagem. Melhorar esses índices, ampliar a carga-horária de estudos, aumentar o aporte de recursos e tornar a etapa mais atrativa para jovens conectados serão desafios do próximo governante.Continue a ler »Ensino médio é a etapa que vai exigir mais atenção do próximo governo

OBMEP chega aos alunos do 4º e 5º anos do Fundamental

 

Minhas reflexões sobre olimpíadas

Será que uma “competição” realizada por meio de uma prova com 20 questões consegue “estimular o estudo da Matemática, contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica, identificar jovens talentos e promover a inclusão social”? O IMPA não poderia desenvolver ações junto aos cursos de licenciatura em Matemática e às secretarias de educação que atingissem professores e estudantes, de modo geral, sem a marca da competição, que promove algum tipo de exclusão? A educação básica clama por ações inovadoras que promovam as aprendizagens de todos os estudantes. O esforço dispendido em olimpíadas poderia ser dirigido a ações desse tipo.

Benigna Villas Boas

 

JC Notícias – 12/09/2018

OBMEP chega aos alunos do 4º e 5º anos do Fundamental

Impa divulga ampliação em parceria com secretarias municipais e estaduais

Maior competição científica do país, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) amplia seu alcance. A competição nacional que reúne 18,2 milhões de crianças e jovens chega, agora, aos alunos dos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental de escolas públicas municipais, estaduais e federais.

Proposta pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do Ministério da Educação (MEC), a iniciativa expande o potencial de participantes da OBMEP em mais 5,2 milhões de estudantes de 87 mil unidades de ensino. Com 20 questões objetivas, as provas serão aplicadas em 30 de outubro nas próprias escolas em todo o país.Continue a ler »OBMEP chega aos alunos do 4º e 5º anos do Fundamental