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A avaliação está sempre presente nas decisões e práticas pedagógicas

 

A avaliação está sempre presente nas decisões e práticas pedagógicas

Li em Educational leadership, April 2019/vol. 76, Issue 7, o texto Collaborative classrooms, escrito por Donna L. Shrum, professora de história e geografia na Central High School, em Woodstock, Va. Ela relata que, em 2012, John Hattie registrou que professores falavam 70–80/% do tempo de aula. Como é raro eles conversarem individualmente com seus estudantes, a não ser quando o tema é indisciplina, querendo reverter essa situação, Donna criou encontros individuais com seus estudantes que, a princípio, se sentiram incomodados, mas rapidamente se acostumaram. Os resultados têm sido positivos, diz ela, que denomina esses momentos de conferência, entendendo constituírem “a melhor avaliação formativa para o ensino e a aprendizagem”.Continue a ler »A avaliação está sempre presente nas decisões e práticas pedagógicas

SBPC divulga manifesto em defesa da educação, da ciência e da democracia

 

JC Notícias – 30/03/2019

SBPC divulga manifesto em defesa da educação, da ciência e da democracia

O documento foi produzido por ocasião da Reunião Regional da SBPC em Sobral, no Ceará, com apoio de pesquisadores, professores, estudantes, Prefeitura e instituições públicas do município

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulga neste sábado, 30 de março, a “CARTA DE SOBRAL”, conclamando a comunidade científica, acadêmica e escolar, sociedade civil, lideranças políticas e parlamentares a atuarem vigorosamente contra os retrocessos que ameaçam a educação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a democracia no País.

O documento foi produzido por ocasião da Reunião Regional da SBPC em Sobral, no Ceará, realizada nesta semana, entre 27 e 30 de março, evento que reuniu mais de 3 mil pessoas. O texto tem apoio de pesquisadores, professores, estudantes e Prefeitura e instituições públicas do município.

“Queremos que todos os cidadãos, em especial as crianças e os jovens, tenham garantidos seus direitos educacionais e sociais. Motivos justos para comemorações intensas pelo conjunto dos brasileiros, nos próximos anos e décadas, serão a superação do analfabetismo e da miséria, o avanço significativo na educação, na ciência e na tecnologia, uma melhor qualidade de vida para todos, a redução das desigualdades, a preservação do meio ambiente e de nossas riquezas naturais, que estão em causa neste momento, e o desenvolvimento sustentável do País”, afirma o manifesto.

Leia abaixo a carta na íntegra:

CARTA DE SOBRAL

Sob o Sol de Sobral: por uma educação básica de qualidade, pela ciência e pela democracia

O problema imaginado por minha mente foi solucionado pelo céu luminoso do Brasil

[Albert Einstein, 1925]

A SBPC e os participantes de sua Reunião Regional, realizada em Sobral entre os dias 27 e 30 de março, se manifestam firme e decididamente em defesa da educação pública de qualidade, da ciência e da democracia no País.

Comemoramos neste ano o centenário do eclipse solar de 1919, cujas observações, feitas em Sobral, foram decisivas para a confirmação da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, que alterou profundamente a ciência e a nossa visão do Universo. Deste município do Ceará, Terra da Luz – primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão –, vem, ainda, o exemplo notável de melhoria significativa no desempenho dos estudantes das escolas básicas, um processo que foi construído a partir de políticas públicas continuadas e que priorizaram a educação. Outros exemplos similares, e exitosos, provêm de diversos municípios brasileiros. Um desafio grande é estendê-los para abarcar todo o País.

A valorização efetiva do professor e sua formação adequada são fatores essenciais para a melhoria da educação básica. Outros fatores importantes são condições de trabalho adequadas, boa gestão escolar, avaliações criteriosas e mobilização da comunidade local em prol da educação. O ensino de ciências é fundamental para a formação de um cidadão no mundo contemporâneo. No momento em que ganham proeminência ideias obscurantistas e correntes anticientíficas, é essencial destacar a importância decisiva do conhecimento científico para as tomadas de decisão individuais e coletivas, para a gestão pública e para o desenvolvimento social e econômico do País.

O papel do Estado é essencial para a garantia dos direitos sociais dos brasileiros. A vinculação orçamentária de recursos para a educação e saúde foi uma importante conquista da Constituição de 1988, e a desvinculação desse orçamento, como anunciada recentemente, é uma ameaça muito grave e terá consequências catastróficas para a educação, a saúde e a qualidade de vida da imensa maioria dos brasileiros. Conclamamos todos os brasileiros a se unirem em um movimento amplo em defesa da educação pública de qualidade, laica, que respeite a diversidade e assegure direitos e oportunidades iguais para todas as crianças e jovens. O destino do povo brasileiro deve estar acima dos interesses financeiros ou de setores privilegiados da sociedade.

Por outro lado, os drásticos cortes realizados recentemente no orçamento de Ciência, Tecnologia e Inovação (da ordem de 40%), que já estava em nível muito baixo, colocam o Brasil na contramão da história. Os países desenvolvidos investem de maneira ainda mais acentuada em CT&I em momentos de crise econômica. Pesquisas demonstram que o investimento em ciência tem repercussão social significativa e retorno econômico grande. É inaceitável que sejam feitos novos cortes em um orçamento já tão reduzido. As consequências afetarão toda a estrutura de pesquisa no País e, ainda, os setores empresariais que buscam promover a inovação. Eles comprometem o funcionamento do sistema nacional de CT&I, construído ao longo de décadas, dificultam a recuperação econômica e certamente irão afetar seriamente a qualidade de vida da população brasileira e a soberania do País.

Recursos para educação e para ciência e tecnologia não são gastos, são investimentos do presente em um futuro melhor para o País!

A SBPC, ao longo de sua história, juntamente com muitas outras entidades científicas acadêmicas e da sociedade civil, se destacou por sua luta pela educação, pela ciência e pela democracia no Brasil. Atuamos contra as práticas autoritárias de um regime ditatorial, em defesa das liberdades democráticas, pela redemocratização do País e pela construção da Constituição de 1988 que incorporou os direitos da cidadania. Neste momento crítico da vida nacional, reafirmamos a importância do livre pensar e da democracia em sua plenitude. Não aceitaremos o retorno do cerceamento às liberdades democráticas, da censura, das perseguições políticas, da ausência da liberdade de expressão, que são direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.

Queremos que todos os cidadãos, em especial as crianças e os jovens, tenham garantidos seus direitos educacionais e sociais. Motivos justos para comemorações intensas pelo conjunto dos brasileiros, nos próximos anos e décadas, serão a superação do analfabetismo e da miséria, o avanço significativo na educação, na ciência e na tecnologia, uma melhor qualidade de vida para todos, a redução das desigualdades, a preservação do meio ambiente e de nossas riquezas naturais, que estão em causa neste momento, e o desenvolvimento sustentável do País.

É essencial, neste momento, uma atuação vigorosa e permanente da comunidade científica, acadêmica e educacional como um todo, por meio de suas entidades e instituições de pesquisa. É necessária uma mobilização mais intensa dos pesquisadores, professores e estudantes, das entidades científicas e das instituições de ensino e pesquisa brasileiras, em conjunto com outros setores da sociedade civil, lideranças políticas e parlamentares, para exercerem uma pressão social legítima, que poderá ser determinante para a reversão do atual quadro de retrocessos no apoio à educação e à ciência e tecnologia e de ameaças à democracia no País.

Que o Sol luminoso do Brasil inspire e motive a todos nós na resolução dos problemas do País.

Sobral, 30 de março de 2019

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10 aprendizados de Singapura para o Brasil

 

Não nos encantemos com os 10 aprendizados abaixo. Analisemos com cautela. Não nos influenciemos por ideias mercantilistas e simplistas. Pincemos o que vale a pena considerar, por exemplo: “as instituições e os profissionais, da sala de aula ao ministro da educação, possuem um alinhamento impressionante”. Contudo, esse alinhamento não deve significar padronização nem subserviência. No momento, esta observação tem a ver com o que está acontecendo no MEC: desarticulação de propósitos, ideias e ações.

 

 

JC Notícias – 26/03/2019

10 aprendizados de Singapura para o Brasil

Valorização da prática, promoção de redes de conhecimento e ênfase na formação continuada impulsionam a Educação no país que lidera o ranking do PISA

Atual líder do ranking do PISA, o sistema educacional criado em Singapura desperta o interesse de qualquer profissional interessado em entender o que é necessário para oferecer uma educação pública de qualidade. “Vi fotos antigas de Singapura e, há 50 anos, a paisagem do país era parecida com a de Sobral, onde trabalhei”, diz Carolina Campos, consultora de gestão e formação de professores no Brasil. A diferença, aponta, é que durante esse período, Singapura investiu em Educação.

Carolina integrou o grupo de educadores brasileiros que visitou o país no início deste ano para identificar que aprendizados poderiam ser instituídos por aqui. Organizada pela rede de líderes da Fundação Lemann, mantenedora de NOVA ESCOLA, a viagem rendeu reflexões importantes de iniciativas que poderiam ser implementadas no país.

Singapura é um país bem diferente do Brasil. Em termos geográficos, seu tamanho é de 719km², uma área trinta vezes menor que a do Sergipe, o menor estado brasileiro. A quantidade de instituições de ensino também é bem acanhada quando comparada à realidade brasileira: são 400 escolas, com aproximadamente 30 mil professores e meio milhão de estudantes contra 184,1 mil escolas, de acordo com dados do mais recene Censo Escolar.

A partir dessas reflexões, levantamos uma lista de 10 aprendizados sobre Singapura para compartilhar com outros professores e gestores.

Valorização da prática
Em Singapura, a prática e a didática são pilares fundamentais da formação dos educadores. Em todas as formações, é evidente o diálogo entre teoria e prática, considerando o que acontece em sala de aula. “A prática é sempre discutida e é o centro das formações. A teoria existe para somar ao que o professor vive em sala”, conta Carla Amrein, coordenadora pedagógica na Eleva, plataforma de ensino que une cultura de resultado e aprendizagem. Para que os professores possam melhorar sempre e aprender com profissionais mais experientes, existem também os professores mentores, que dão orientações aos mais jovens.
Padronização
As instituições e os profissionais, da sala de aula ao ministro da Educação, possuem um alinhamento impressionante. Os discursos e as ações são coerentes. Os objetivos a serem perseguidos estão claros para todos. A padronização é tanta que se reflete até nas apresentações. “Visitamos escolas, universidades e institutos de formação e todas as instituições estão alinhadas no discurso e na prática. Até os slides eram os mesmos”, conta Darkson Vieira, professor de línguas e consultor de escolas e secretarias municipais.

Formação continuada
Durante o ano, cada professor deve completar um total de 100 horas de formação continuada. Cerca de um terço de todo o orçamento do Ministério da Educação de Singapura é destinado para essa finalidade. Como o currículo de Singapura é revisto a cada cinco anos, aproximadamente, a formação continuada é essencial para manter o alinhamento. Existe inclusive uma instituição dedicada a essas formações, a Academy for Singapore Teachers (AST). Alguns dos professores que participaram da viagem, inclusive, voltaram para o Brasil com muita vontade de criar uma iniciativa parecida no país, um espaço onde os professores possam voltar para aprender e reciclar conhecimentos.

Redes de conhecimento
Escolas de uma mesma região costumam promover encontros de professores que lecionam as mesmas matérias ou que dão aulas para um mesmo ano. São momentos em que é possível trocar experiências e aprendizados. Além disso, o National Institute of Education (NIE), que é basicamente a faculdade de educação que forma todos os professores em Singapura (imagine uma Unicamp ou USP de alcance em rede), conta com cerca de 300 redes para discutir assuntos de interesses específicos. As pessoas com interesses em comum se reúnem para discutir temas como, por exemplo, a mentalidade fixa e a mentalidade de crescimento.

Avaliação e crescimento na carreira
Anualmente, todos os professores são avaliados para saber como está seu desempenho dentro da sala de aula. “Lá, tudo é mérito. Para os alunos e para os professores. Se você for um professor bem avaliado, ganha bônus. Se for mal avaliado e não melhorar, pode ser demitido”, conta Darkson Vieira. Além disso, o sistema permite que os professores que amam ensinar sigam lecionando, em vez de migrarem para cargos administrativos para crescer na carreira, como acontece no Brasil. Assim, bons professores podem continuar na sala de aula.

Professores reconhecidos
A importância dos professores é reconhecida pelo governo e pelas famílias. Todos admiram e têm grande apreço por cada educador. De acordo com a diretora executiva da Academy for Singapore Teachers (AST), Chua Yen Ching, os pais colocam a responsabilidade do cuidado das crianças nas mãos dos professores, que devem ser bem treinados e formados ao longo da sua carreira.

Rígido – solto – rígido
O ensino é guiado por esse sistema. O que significa isso? O primeiro rígido representa o currículo estudantil, que é o mesmo para todas as escolas e deve ser seguido. O solto que está no meio representa a pedagogia, que é mais livre. Ou seja, cada escola pode fazer a implementação desse currículo à sua maneira e escolher como ensinar aos alunos os conteúdos previstos. O rígido que fecha o ciclo são as avaliações são nacionais, aplicadas em todas as escolas igualmente. A proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) segue o mesmo princípio de ter Diretrizes Nacionais para a Educação Básica, mas deixa o currículo para implementação em nível de secretarias, que repassam para as escolas, fechando o ciclo com as avaliações do Saeb.

Educação é prioridade nos investimentos
A importância da educação é tanta que o Ministério da Educação de Singapura é o que possui o segundo maior orçamento do país (cerca de 6%), perdendo apenas para o Ministério da Defesa.

Sala de aula e crianças: nada de novo
É natural imaginar que uma sala de aula tenha um aspecto futurista em Singapura, mas não é nada disso. O ambiente escolar é simples. As salas de aula têm lousas, mesas e cadeiras como no Brasil. Nada de equipamentos sofisticados e aplicativos por todos os cantos. “Foi muito legal ver que os desafios do chão da escola no Brasil e em Singapura são os mesmos. Até porque criança é criança em qualquer lugar do mundo”, diz a coordenadora Carolina Campos.

Nem tudo é perfeito
Para liderar o ranking do PISA não é preciso ser perfeito. Singapura também tem suas questões para melhorar, segundo educadores que participaram da viagem. Alguns dos desafios que devem ser enfrentados nos próximos anos são a melhoria da Educação Infantil, a maior atenção às habilidades socioemocionais e o estímulo da criatividade. Hoje, os alunos sofrem muita pressão para ter bons resultados e se desenvolvem muito bem como executores, mas têm dificuldade para resolver determinadas situações que exigem maior jogo de cintura.

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Nova Escola

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Escola: caminho para a libertação ou para a prisão?

 

Escola: caminho para a libertação ou para a prisão?

Enílvia Rocha Morato Soares

Pesquisadora do GEPA

 

Ao defender o projeto de militarização das escolas do Distrito Federal, o secretário adjunto da Secretaria de Estado de Educação do DF alegou, em entrevista ao Bom dia DF do dia 12 de março, que a disciplina dos estudantes assegurada pelos policiais resultaria em maior tempo de aula e, em decorrência, melhoraria a qualidade do trabalho desenvolvido pelos professores.

O entrevistado não explicou, nesse momento, o conceito de “qualidade” a que estava se referindo. Se considerarmos, no entanto, que um dos critérios adotados pela SEEDF para definição das quatro escolas que implantariam inicialmente o projeto foi a nota do IDEB, pode-se pressupor que a qualidade destacada pelo secretário está fortemente associada aos resultados obtidos nos exames externos. Freitas (2009, p. 66) desmistifica esse raciocínio ao explicar que “o desempenho de uma escola implica ter alguma familiaridade e proximidade com o seu dia-a-dia o que não é possível para os sistemas de avaliação em larga escala realizados pela federação ou pelos estados, distantes da escola”.Continue a ler »Escola: caminho para a libertação ou para a prisão?

Preciosidade encontrada em um livro orientador de unidades de trabalho

 

Preciosidade encontrada em um livro orientador de unidades de trabalho

Analisando o trabalho pedagógico em livros da década de 1960, encontrei em Ferreira (1969) uma expressão que aprendi em meu curso normal, realizado na Escola Normal de Brasília de 1960 a 1962: culminância. Não me lembrava mais deste termo.

A autora orienta a elaboração e desenvolvimento de unidades de trabalho, muito utilizadas nessa década. Os itens do plano de trabalho são os seguintes: conteúdo programático, objetivos (informativos e formativos), iniciação, desenvolvimento, matérias correlacionadas, culminância e avaliação.Continue a ler »Preciosidade encontrada em um livro orientador de unidades de trabalho